Julinho Bittencourt
A cidade imaginária Satolep Sambatown é o cruzamento de Pelotas (ao contrário), do cantor e compositor Vitor Ramil e, em tradução livre, o Rio de Janeiro, do percussionista Marcos Suzano. Mais do que isso, é o nome do disco que a dupla acaba de lançar, em show que percorre o país. Mais ainda, é uma tentativa de juntar no mesmo balaio a estética do frio, a canção de quem vive ensimesmado por conta das baixas temperaturas que vem lá do sul, com o batuque acalorado da cidade maravilhosa.
Eles quase conseguem, mas isso não é nenhum demérito. O que de fato acontece é o amplo predomínio, como exceção à regra, ao som de Satolep. Por mais e melhor que o excelente percussionista Suzano bautuque, o que ouvimos do começo ao fim deste lindo disco é a canção de Ramil, com suas filigranas melódicas e literárias, enfim, com toda a riqueza de construção a que habituou o seu público.
O papel de Suzano é imprescindível mas quase secundário. Ao contrário do que ocorre no já lendário “Olho de Peixe”, dele em parceria com o compositor pernambucano Lenine, onde o percussionista é peça chave, neste “Satolep Sambatown” quem rouba o show são as canções e não as suas formas.
A cidade imaginária Satolep Sambatown é o cruzamento de Pelotas (ao contrário), do cantor e compositor Vitor Ramil e, em tradução livre, o Rio de Janeiro, do percussionista Marcos Suzano. Mais do que isso, é o nome do disco que a dupla acaba de lançar, em show que percorre o país. Mais ainda, é uma tentativa de juntar no mesmo balaio a estética do frio, a canção de quem vive ensimesmado por conta das baixas temperaturas que vem lá do sul, com o batuque acalorado da cidade maravilhosa.
Eles quase conseguem, mas isso não é nenhum demérito. O que de fato acontece é o amplo predomínio, como exceção à regra, ao som de Satolep. Por mais e melhor que o excelente percussionista Suzano bautuque, o que ouvimos do começo ao fim deste lindo disco é a canção de Ramil, com suas filigranas melódicas e literárias, enfim, com toda a riqueza de construção a que habituou o seu público.
O papel de Suzano é imprescindível mas quase secundário. Ao contrário do que ocorre no já lendário “Olho de Peixe”, dele em parceria com o compositor pernambucano Lenine, onde o percussionista é peça chave, neste “Satolep Sambatown” quem rouba o show são as canções e não as suas formas.
Algumas das peças apresentadas no disco já haviam sido gravadas. É o caso de “A Ilusão da Casa”, com um belo refrão onde Ramil sofisma irremediavelmente: “Eu sei, o tempo é o meu lugar, o tempo é minha casa, casa é onde quero estar, eu sei”. Outra das canções reinterpretadas é “Café da Manhã”, que capta de forma rara a tensão do casal percebida a partir do interlocutor: “Ela esquece o gosto do café, põe os olhos no jornal, ela pega a parte que eu já li e abre como um muro entre nós”.
Além destas, o disco conta com muitas outras inéditas de encher os ouvidos. A despeito das letras, a música de Vitor Ramil é rica em harmonias e melodias. Tudo o que propõe é sofisticado e ousado, até mesmo quando tenta ser mais simples e pop. Este é o caso, por exemplo, de “O Copo e a Casa”, um quase rap, onde a participação de Suzano é fulminante.
Para muito além de ser um grande percussionista e, particularmente, um dos maiores pandeiristas destas e de outras plagas, Marcos Suzano funciona hoje com um homem-banda. Toca vários instrumentos, programa ritmos eletrônicos, arpejadores e efeitos. Sob os violões de nylon e aço de Ramil, muitas vezes com afinações alteradas, os sons de Suzano determinam as direções de “Satolep Sambatown”.
E as direções, como disse acima, ficam lá pelas origens. Suzano, como um embaixador, muito mais do que tentar cariocar o som de Ramil, tem o mérito de levar para todo o pais, a seu modo universal, o que é, desde sempre, tido e tratado como jóia rara por chimangos e maragatos.
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